Governo é cobrado por plano de resgate de brasileiros presos no bombardeio entre Israel e Irã
Autoridades estaduais e municipais do Brasil estão presas em Israel após o país fechar o espaço aéreo devido ao conflito
Brasília|Lis Cappi e Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília

A escalada militar entre Israel e Irã fez com que brasileiros ficassem presos em zonas de risco e impedidos de retornar ao país, entre eles autoridades estaduais e municipais que cumpriam agenda oficial em Israel. A situação impõe um desafio ao Governo do Brasil, que ainda não montou um plano para buscar os brasileiros que ficaram isolados em meio a conflito.
Os pedidos por uma missão de repatriação ganharam pressão do Congresso Nacional, que solicitou ao Itamaraty medidas para viabilizar o retorno de autoridades presas em Israel. Pelo menos duas delegações estavam no país quando o ataque ao Irã ocorreu. Não há uma confirmação de quantos brasileiros estão na zona de guerra.
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O grupo aguarda pela reabertura do espaço aéreo para poder retornar ao Brasil. Até esta sexta-feira (13), no entanto, não havia qualquer estimativa de quando a circulação de voos deve retomada no país. Conforme apurou o R7, comunicados trocados pela Embaixada de Israel em Brasília indicam que o espaço aéreo seguirá por ao menos 48h, mas esse prazo pode ser ampliado.
Delegações brasileiras em Israel
Duas delegações brasileiras ficaram impedidas de voltar ao Brasil e estão presas em Israel. Entre as autoridades que não conseguiram deixar o país, estão:
- Marcos Rocha – governador de Rondônia;
- Álvaro Damião Vieira da Paz – prefeito de Belo Horizonte (MG);
- Cícero de Lucena Filho – prefeito de João Pessoa (PB);
- Welberth Porto de Rezende – prefeito de Macaé (RJ);
- Johnny Maycon – prefeito de Nova Friburgo (RJ);
- Janete Aparecida Silva Oliveira – vice-prefeita de Divinópolis (MG);
- Maryanne Terezinha Mattos – vice-prefeita e secretária de Segurança Pública de Florianópolis (SC);
- Cláudia da Silva Lira – vice-prefeita de Goiânia (GO); e
- Vanderlei Pelizer Pereira – vice-prefeito de Uberlândia (MG).
Na lista, também há secretários estaduais ou municipais e representantes de associações de Distrito Federal, Goiás, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Maranhão e Pará.
As delegações foram ao país para ações de cooperação ao desenvolvimento regional e inovação.
Segundo a embaixada de Israel, o Ministério de Relações Exteriores garante que o grupo está seguro e com o a áreas protegidas, mas não há previsão de quando o grupo poderá voltar ao Brasil.
“O Ministério das Relações Exteriores de Israel mantém contato constante com os grupos e está trabalhando nas soluções que vão viabilizar o retorno dos participantes que desejarem regressar ao Brasil assim que o espaço aéreo for reaberto”, diz trecho do comunicado.
O Itamaraty não respondeu a respeito do retorno dos brasileiros que estão em Israel ou do início das ações no Irã até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado em caso de retorno.
Em comunicados anteriores, o Ministério das Relações Exteriores condenou os ataques e recomendou que brasileiros evitem viagens a Israel, Jordânia, Iraque, Irã, Líbano, Palestina e Síria.
O que pode acontecer agora?
A tensão no Oriente Médio vem crescendo desde o ano ado e teve seu último episódio no ataque de Israel, na quinta-feira (12), contra o programa nuclear iraniano e a capital Teerã.
Professor de Relações Internacionais da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Rodrigo Amaral considera que os próximos os do conflito devem ser de menor alcance militar.
O especialista em Oriente Médio também considera que a situação entre Israel e Irã não deve escalar para uma guerra generalizada. A perspectiva pode beneficiar brasileiros que estão na região.
“Não vejo uma possibilidade de guerra total. Ninguém ganha com isso, nem o Irã, nem Israel e nem os Estados Unidos monitoram isso de perto. Uma guerra regional com potências militares desse tamanho seria custoso”, diz.
Ameaça de arma nuclear
Segundo Effie Defrin, porta-voz do IDF (Forças de Defesa de Israel), o Irã “está mais perto do que nunca de conseguir uma arma nuclear” e, por isso, Israel “não teve escolha”.
A alegação do IDF é que o Irã tem urânio enriquecido o suficiente para construir várias bombas em poucos dias. “Hoje, o Irã está mais perto do que nunca de obter uma arma nuclear. Armas de destruição em massa nas mãos do regime iraniano são uma ameaça existencial ao Estado de Israel e ao mundo em geral”, afirmou o IDF.
Em pronunciamento, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que esse momento é “decisivo na história de Israel”. Netanyahu ainda afirmou que a operação continuará pelos próximos dias.
“Há alguns momentos, Israel lançou a Operação Leão Ascendente, uma operação militar direcionada para conter a ameaça iraniana à sobrevivência de Israel. Esta operação continuará pelos dias necessários para eliminar essa ameaça”, disse.
O Exército do Irã deixou uma mensagem nas redes sociais: “Lembre-se, nós não iniciamos isso”.
“Nunca seja você quem convida alguém para lutar (não seja o agressor na guerra), mas se alguém o chamar para a batalha, atenda ao chamado (e não seja negligente na guerra sagrada contra o inimigo), pois aquele que convida para lutar é um tirano — e um tirano sempre é derrotado”, diz o texto.
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