Aliados de Bolsonaro já acreditam em condenação no STF e falam em ‘injustiça’
Ao R7, parlamentares consideram que a situação na corte está definida e que a vontade do ex-presidente é pedir prisão domiciliar
Brasília|Rute Moraes e Lis Cappi, do R7, em Brasília; e Iasmin Costa, da RECORD

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avaliam que o político teve bom desempenho no interrogatório no STF (Supremo Tribunal Federal), mas consideram que o resultado do julgamento contra ele e outros sete acusados de tentativa de golpe de Estado já está definido: Bolsonaro deve ser preso.
Caso a condenação se concretize, pessoas próximas consideram que a estratégia será pedir prisão domiciliar alegando motivos de saúde, a exemplo das complicações adquiridas por Bolsonaro após a facada na barriga, em 2018.
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O entorno do ex-presidente se divide em duas vertentes. A primeira reproduz o discurso da vitória, que o ex-presidente repetiu em um dos intervalos das sessões dós interrogatórios: “Eu não tenho preparação para nada. Não tem por que me condenar. Estou com a consciência tranquila.”
Por outro lado, correligionários consideram a condenação como inevitável e criticam decisões gerais da Justiça. Ao R7, nomes próximos ao ex-presidente indicam que a corte deve condenar Bolsonaro, apesar de repetirem o discurso de que não há envolvimento ou materialidade de provas e que todo o processo não aria de “perseguição política”.
“Eu não acredito em Justiça quando a vítima, o acusador e o juiz são a mesma pessoa. Para mim, a sentença já está feita”, afirma o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ).
A mesma avaliação de que o ex-presidente será condenado é reproduzida pelo deputado Coronel Meira (PL-PE). “Um julgamento onde a gente já sabe qual a decisão que vai ser tomada”, opinou. “Você está fazendo a parte formal, mas a decisão está tomada. Você vê o bate-bola deles, na maneira como o PGR (Procurador-Geral da República) se pronuncia”, completou.
Ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) disse “esperar” que o ex-presidente não seja condenado, mas reconheceu a possibilidade. “É páreo duro, realmente”, disse.
Sob reserva, outro aliado itiu que a cúpula do PL acredita que o julgamento é um “jogo de cartas marcadas” e que Bolsonaro será preso.
O presidente da Comissão de Segurança da Câmara, deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), por sua vez, elogiou a postura de Bolsonaro durante o interrogatório e considera que, em outro sistema de Justiça, o ex-presidente não seria condenado.
“Para mim, está bem claro. É óbvio que a gente não pode confiar que o sistema jurídico funciona, porque obviamente não funciona”, afirma. O parlamentar também diz acreditar não haver crime do ex-presidente.
Bolsonaro em 2026?
Apesar do cenário, aliados são unânimes ao afastar a possibilidade de outros nomes na disputa à Presidência em 2026. Bolsonaro está impossibilitado de concorrer até 2030, desde a condenação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2023. Mas mantém a promessa de participar da disputa.
Sob reserva, um aliado próximo ao ex-presidente reafirma que o candidato do PL é Bolsonaro e que, se ele for preso, pedirá prisão domiciliar. “Ele vai fazer a convenção, o registro da candidatura. E quem quiser, que entre na Justiça. Se ele for preso, por causa dos problemas de saúde, a vontade do Bolsonaro é pedir a prisão domiciliar”, avaliou.
Em outra frente, Bilynskyj sustentou que a corrida eleitoral de 2026 não é uma pauta interna do partido por outras prioridades da legenda.
Entre os exemplos, o parlamentar citou o debate na Câmara sobre o aumento de algumas modalidades do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), a proposta de anistia aos envolvidos nos atos extremistas do 8 de Janeiro e a discussão pelo fim do mandato da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP).
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